Surto de febre maculosa faz governo de SP emitir alerta à população; 4 morreram
- Dra Helena Villela Rosa
- 19 de jun. de 2023
- 3 min de leitura
Entenda os sintomas e como se dá o contágio da doença que vitimou 4 pessoas que visitaram fazenda em Campinas.
A febre maculosa foi apontada como causa da morte de quatro pessoas que estiveram em um evento na Fazenda Santa Margarida, na região de Campinas, no interior de São Paulo. A última confirmação foi dada nesta quinta-feira (15/06) pela secretaria de saúde do município. O caso é de um adolescente de 16 anos que morreu na última terça-feira e teve diagnóstico confirmado pelo Instituto Adolfo Lutz.
Em 2023, foram registrados 17 casos de febre maculosa com oito óbitos, incluindo os quatro confirmados desde segunda-feira (12/6) e que estiveram no mesmo evento. As autoridades sanitárias alertaram para que quem esteve no local entre os dias 27 de maio e 11 de junho e apresentou sintomas procure imediatamente por atendimento médico. Em 2022, foram registrados 63 casos, com 44 óbitos confirmados. Já em 2021, foram 87 casos e 48 óbitos.
O que é a febre maculosa e quais os sintomas
A doença tem uma taxa de letalidade considerada alta e é transmitida pela picada de um carrapato infectado pela bactéria do gênero Rickettsia. Trata-se geralmente do carrapato-estrela, que é muito comum em áreas rurais por ter animais como capivaras, bois e cavalos como hospedeiro.
A infectologista Raquel Muarrek, da Rede D’Or, afirma que o problema do carrapato em área silvestre é que ele pode ser levado para outros tipos de carrapato. “Qualquer carrapato pode ter a bactéria se ele frequentou a região endêmica.” Ou seja, é preciso ter cuidado e pensar bem na hora de levar um animal doméstico em locais onde há a presença de animais silvestres.
A infecção ocorre somente por meio do contato com o aracnídeo e, portanto, não há transmissão de pessoa para pessoa. Os sintomas se confundem com os de outras doenças, como a dengue, por exemplo, mas Muarrek aponta que o principal indicador é a febre. “Pode haver também dor articular e o exantema (a vermelhidão na pele) não é tão rápido, começa de dois a três dias depois e geralmente começa pelo punho e pelo tornozelo, que são as regiões de entrada do carrapato”, explica.
A recomendação do Ministério da Saúde é para que, ao primeiro sinal de sintomas da febre maculosa, o paciente procure fazer uma avaliação médica. O período de incubação (tempo entre a infecção e o surgimento dos sintomas) da Febre Maculosa é de 2 a 14 dias, então quem esteve em locais do tipo, principalmente na região do surto, deve ficar atento. O tratamento é feito com antibacterianos e é fundamental que seja iniciado o quanto antes para evitar que o quadro se agrave.
“Você pode tratar de forma empírica, antes da sorologia, ou fazer o tratamento de suposição. Você tem o tempo do tratamento de sete dias quando é profilático (por contato) ou realmente com hipótese de febre, com sinais e sintomas, que você vai tratar no tempo de duas a três semanas”, relata a médica.
Segundo a Secretaria de Saúde de Campinas, a partir de junho a infestação ambiental por ninfas (a fase intermediária entre o estado de larva e a vida adulta do carrapato) é considerada alta e a região é considerada uma área endêmica. Esse período vai até novembro.
No país, o Ministério da Saúde afirma que o período sazonal vai de maio a setembro. Para quem costuma frequentar áreas rurais, as dicas são básicas: calçado fechado, sempre verificar se há algum carrapato preso ao corpo e usar roupas claras e de manga longa para facilitar a visualização pelo corpo. Importante também estar atento à saúde do animal hospedeiro e procurar por um veterinário em caso de infestação.
“Tem que ter muito cuidado para não esmagar o carrapato quando for retirá-lo. O correto é sempre usar uma pinça ou, se não tiver no momento, puxar firme sem esmagar e lavar a região com bastante água e sabão. Ao retornar dessas áreas, o ideal é ferver a água para lavar a roupa”, explica Muarrek.
Em todo o Brasil, o Ministério da Saúde afirma que foram confirmados 53 casos da doença e oito mortes neste ano. Em 2022, o país contabilizou 190 casos e 70 mortes. Os dados, no entanto, não incluem o último óbito confirmado na região de Campinas. A maior parte das ocorrências se dá nas regiões Sudeste e Sul. O estado de São Paulo tem 12 registros em 2023, com sete mortes no total e quatro pacientes considerados curados.
ISABEL MEGA – Repórter do Poder Executivo (Fonte: JOTA SAÚDE)
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