Apresentado no webinar Diálogos Estadão Think, o Guia de Discussão sobre Esclerose Múltipla no Brasil – Juntos para um Novo Futuro foi idealizado pela Biogen e elaborado com a colaboração de profissionais de saúde, associações de pacientes, sociedades médicas, pessoas com a doença e gestores de saúde, informou o jornal O Estado de S.Paulo na última sexta-feira (2). A esclerose múltipla (EM) é uma doença crônica que, no Brasil, afeta cerca de 35 mil pessoas, com reflexos na qualidade de vida do paciente e de sua família, sem contar o impacto em termos de saúde pública e aspectos sociais e econômicos no País. Ao apresentar as características da EM, o neurologista Jefferson Becker, professor da Escola de Medicina da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS), esclareceu que, embora seja considerada uma doença rara por aqui, ela é a segunda principal causa de incapacidade neurológica em jovens, perdendo apenas para traumas. Mais comum entre as mulheres, a EM é uma condição autoimune, ou seja, é decorrente de um ataque do próprio organismo. “O mecanismo principal é uma inflamação do sistema nervoso”, esclareceu Jefferson Becker, que também é presidente do Comitê Brasileiro de Tratamento e Pesquisa em Esclerose Múltipla e Doenças Neuroimunológicas (BCTRIMS). No processo, acontece um ataque à bainha de mielina, membrana que recobre os neurônios e que é importante na transmissão de impulsos elétricos do cérebro. Sem causa específica para seu aparecimento, a EM está relacionada à predisposição genética e apresenta alguns fatores ambientais como gatilho. Os sintomas igualmente são muito variados e inespecíficos. Se a inflamação for no nervo óptico, aparecem sinais como visão embaçada e dor ao mexer o olho. Em outras pessoas, há diminuição de força ou alteração na sensibilidade em partes do corpo. Podem ocorrer ainda dificuldade no controle da urina, formigamento nas pernas, fadiga e confusão mental. Para Gustavo San Martin, diretor-executivo da Amigos Múltiplos pela Esclerose (AME), ter informação de qualidade é fundamental para encurtar o caminho para diagnóstico e tratamento. “No meu caso, tive uma inflamação no nervo óptico em 2011 e procurei um oftalmologista. Aí começou a investigação e veio o direcionamento de que poderia ser EM”, contou. O problema, continuou Gustavo, é que muitas vezes os médicos de outras especialidades não valorizam as queixas, o que atrasa o encaminhamento. A orientação, de acordo com Jefferson Becker, é procurar um neurologista quando os sintomas duram mais de 24 horas. “Da mesma forma como quem sente dor no peito logo busca um cardiologista”, comparou. O médico apontou alguns motivos que contribuem para o diagnóstico tardio. O primeiro deles é que em 85% dos casos os sintomas aparecem, permanecem por um tempo e depois desaparecem, voltando a se repetir em intervalos muito espaçados. Outras vezes as manifestações são tão sutis que acabam sendo negligenciadas pelo próprio paciente e pelo médico. Por fim, há a dificuldade de acesso a especialistas e ao exame de ressonância magnética, importante para fechar o diagnóstico. Para Guilherme Julian, farmacêutico e diretor da IQVIA (empresa especializada em informação, tecnologia e análises avançadas sobre o setor de saúde), as informações do guia recém-lançado jogam uma luz sobre a questão do acesso. Os dados mostram, por exemplo, que pacientes na região Centro-Oeste do País precisam se deslocar em média 26 quilômetros para conseguir fazer uma ressonância, enquanto no Norte essa distância chega a mais de 160 quilômetros. Para Gustavo San Martin, é importante olhar as especificidades de cada indivíduo para traçar o melhor plano de tratamento. “Muito mais do que o remédio, há toda uma adaptação da vida”, ponderou. Na opinião de Guilherme, ao apresentar informações de forma fácil, instintiva e didática, o Guia de Discussão sobre Esclerose Múltipla no Brasil favorece o empoderamento de todos os atores envolvidos e joga luz sobre questões fundamentais para a tomada de decisão de gestores de saúde a fim de mudar para melhor o futuro dessa comunidade. (Fonte: NK Consultores)
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