Filhos no trabalho: por que pais são elogiados e mães são repreendidas
- Dra Helena Villela Rosa
- 25 de ago. de 2022
- 2 min de leitura
Em menos de uma semana, dois casos envolvendo advogados que precisaram levar os filhos pequenos para sessões jurídicas chamaram a atenção no país por razões diferentes. De um lado, um caso foi antecipado. Do outro, a mãe foi repreendida pelo desembargador.
Malu Borges Nunes amamentava e filha durante uma sessão online no Tribunal de Justiça do Amazonas quando teve a atenção chamada por um desembargador por causa do barulho da criança. Ela chegou a solicitar atendimento preferencial para não conciliar os horários da amamentação e da defesa, mas teve o pedido negado.
Felipe Cavallazzi precisou levar o filho de 1 ano e 10 meses para uma sessão no plenário do Superior Tribunal de Justiça (STJ), em Brasília. Divorciado, era o dia de ficar com o menino, que chamou a atenção dos ministros que entenderam o caso como prioridade e anteciparam a argumentação do advogado.
A professora de filosofia Patricia Ketzer afirmou que as situações envolvem questões de gênero. "Quantas vezes a gente vê homem elogiado por fazer o mínimo, trocar a fralda, levantar para dar mamá para o filho à noite, sair para passear com o filho. São coisas que as mulheres fazem e são invisíveis [quando elas fazem]", declarou.
A vice-presidente da Comissão de Gênero da OAB em Chapecó, no Oeste catarinense, advogada Vivian Ayumi, disse que a atitude do magistrado que repreendeu a mãe com o bebê violou o Estatuto da Advocacia (leia mais abaixo).
“O desembargador, além de violar esse direito dessa advogada, ele está ferindo essa prerrogativa dela”, disse.
Em Brasília, o caso no qual o advogado Felipe Cavallazzi participaria foi antecipado no STJ na quinta-feira (18). Ele precisou levar o filho Lorenzo já que era dia de ele, que é divorciado, ficar com o menino.
A presença de Lorenzo chamou a atenção dos juízes da Segunda Turma do STJ que, pela criança ser entendida como prioridade, anteciparam o caso do advogado na lista de assuntos do dia.
A outra situação ocorreu no Tribunal de Justiça do Amazonas na segunda (22). Malu Borges Nunes foi repreendida pelo presidente da 2ª Câmara Cível to TJ-AM por estar com a filha, uma bebê de 6 meses, durante uma sessão plenária realizada por meio de videoconferência.
O desembargador Elci Simões paralisou a sessão por alguns segundos para repreender a advogada, afirmando que o barulho que a criança estava fazendo atrapalhava a concentração da sessão.(...) (Fonte: G1)
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