Quando os primeiros casos de covid-19 no País foram registrados no fim de fevereiro, coincidindo com o início da chamada "temporada de gripe", os médicos temeram pelo pior. Um novo vírus muito contagioso se somaria a todos os outros patógenos respiratórios que costumam circular nesta época do ano, atingindo sobretudo as crianças. Mas a realidade se revelou bem diferente. A ocorrência dessas outras doenças caiu em mais de 70%. As internações de casos pediátricos graves foram reduzidas em 80%. Segundo informou o Correio Braziliense neste domingo (11), o número de ocorrências de síndromes respiratórias graves causadas pelo vírus sincicial respiratório (VSR), um dos mais comuns entre março e junho, caiu 76,4% entre janeiro e agosto deste ano quando comparado à média dos últimos três anos nos mesmos meses. Os casos de gripe também despencaram - uma redução de 62,2%. Os números são do sistema Infogripe, da Fiocruz. Em meados de março, no entanto, as medidas de isolamento social tiveram início, as escolas foram fechadas, e as campanhas para estimular a lavagem das mãos e o uso do álcool gel tomaram conta da mídia. Embora a máscara não tenha sido recomendada num primeiro momento, logo em seguida ela também foi adotada por parte da população. Os dados do Infogripe mostram que o número de ocorrências graves de influenza de janeiro a agosto de 2019, por exemplo, foi de 6 mil, ante menos de 2 mil no mesmo período deste ano. Nos oito primeiros meses do ano, o número de casos de síndrome respiratória grave causada pelo vírus sincicial respiratório caiu de 5.765 em 2019 para 1.047 este ano. Segundo Gomes, a subnotificação é desprezível, porque o painel só registra os casos muito graves, em que os pacientes precisam ser hospitalizados. Margareth Dalcolmo, pneumologista da Fiocruz, cita que também colaborou para esta queda a alta cobertura que a vacinação contra influenza alcançou neste ano. Logo que o coronavírus chegou ao Brasil, as autoridades de saúde incentivaram a vacinação justamente como medida para evitar a ocorrência de várias doenças respiratórias ao mesmo tempo, o que poderia aumentar a procura por hospitalização, prejudicando ainda mais a oferta. De acordo com o DataSus, a cobertura superou os 90% da população alvo no País. Mas se as medidas foram tão eficientes contra os outros vírus, por que, então, os casos de covid não foram controlados também? A principal explicação é que a capacidade de transmissão do Sars-Cov-2 é bem maior do que a dos outros vírus - e este é um dos motivos que o tornam potencialmente mais perigoso. Se o isolamento social - ainda que parcial em muitos Estados - não tivesse sido feito, a tragédia da covid-19 teria sido bem maior. (FONTE: NK Consultores)
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